segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Evolução do Papão no mundo Infantil

Infância...

Cada vez que alguém me fala na sua infância, lembro-me sempre com nostalgia dos meus 5 , 6 anos, já que foi nesta faixa etária que eu comecei a desenvolver o meu grande potencial de aguentar directas.

Ainda me recordo das noites e noites que eu passava sem dormir, com medo que o papão me viesse buscar, já que os meus Pais faziam o favor de me incutir o medo por este senhor sempre que eu desenvolvia estratégias para não comer a sopa, como por exemplo entorná-la para cima da minha roupa, pô-la na varanda com a esperança que esta acabasse por fugir: "és livre foge"...o que não era lá muito inteligente, eu sei, mas penso que também ainda não tinha a noção de ocultar provas, isso veio mais tarde, quando descobri as maravilhas do lava-louça...

Com o tempo fui desenvolvendo uma simpatia pelo papão, pois comecei a pensar que na volta tudo o que o papão queria era gamar os pequeninos mas não era para lhes fazer mal, era sim porque queria ter alguém para brincar.

Até que expliquei esta teoria aos meus Pais e estes franziram o olho, e fazendo um ligeiro sorriso disseram-me, ainda me lembro como se fosse hoje: "muito bem, vem cá para nós te contarmos a história de um lobo feroz que comeu uma menina chamada capuchinho vermelho", e como histórias era comigo, lá fui....resultado, fiquei aproximadamente 2 anos sem conseguir pregar olho com medo que o raio do lobo aparecesse. Porque eu era pequena mas não era parva , já sabia que os caçadores estavam no desemprego.

Fui crescendo, e o lobo deixou de ser uma ameaça, cães raivosos é outra coisa.....não vamos por aí.

Acontece que esta tradição do lobo e do papão, que aparecem quando os mais pequenos se recusam a comer a sopa ou a tomar um determinado comportamento que os pais almejam, nos dias de hoje, perdeu-se. As crianças já não têm medo destas personagens históricas, que acompanharam tantas e tantas infâncias.

Então o que é que se usa hoje como arma para fazer com que os mais pequenos desenvolvam medos e tomem determinados comportamentos? Ciganos e Pretos da Guiné.

É verdade... ia a passear por Lisboa quando uma mãe se virou para os filhos e disse :

- Ou param com isso ou então vêm aí os ciganos e levam-vos...

Ou num restaurante :

- Para com isso Marta...olha que vem aí o preto da Guiné..

Hum...

Papás eu entendo que explicar o porque aos mais pequenos leva tempo, mas se não o quiserem fazer, façam o favor de voltar ao raio do lobo e ao papão...é mais didáctico, e futuramente até vai ajudá-los a prepararem-se para os exames universitários...e mais giro...vá...

Papão e Lobo regressem que estão perdoados.

3 comentários:

Anónimo disse...

tens toda a razao.. confesso que nunca tive medo nem do papão nem do lobo, talvez porque nunca acreditei neles após a minha desilusão ao descobrir que o pai natal era mentira... a tactica dos meus pais era vencerem-me pelo cansaço.. "não sais da mesa ate acabares de comer".. geralmente eu rendia-me com vontade de ir ver os desenhos animados (na altura em que os canais televisivos - não os da tv cabo - ainda pensavam que existem crianças na sociedade).. Mas para as crianças mais, diga-se, complexas.. creio que o lobo era uma boa tecnica.
Mas acho piada! Porque NINGUÉM é racista. NÍNGUÈM é preconceituoso. NINGUEM discrimina ninguem.. é como viver numa sociedade perfeita! Que não existe, claro! Então incutem medo aos miudos quanto a pessoas exactamente iguais a eles, mas que simplesmente (obrigada sociologia)viveram em diferentes contextos, diferentes culturas e tiveram diferentes oportunidades.
Os miudos já nem conhecem o capuxinho vermelho.. é triste, porque no meu tempo eu conhecia e muito bem todas as personagens da disney e dos contos.. Mas bolas.. para quê meter medo dum lobo mau que nem vive na cidade ao miudo, se os ciganos e pretos da guiné sao muito mais eficazes?? La tás tu a ser retrograda Naty.. que coisa pah.. não percebes nada. Afinal, são todos pessoas muito bem formadas...

fi

Anónimo disse...

O coelho assassino passou novamente por aqui

Anónimo disse...

O coelho assassino passou novamente por aqui