quinta-feira, 13 de setembro de 2007

INEM

Aqui há dias, passei pela estação do metro. Tudo parecia prever que a minha passagem iria ser como o habitual, mas como eu estava enganada...

Quando ia comprar o bilhete à senhora na bilheteira (gosto de dar trabalho às pessoas e de ouvir um "boa tarde"; enquanto as máquinas automáticas não o disserem recuso-me preponderantemente a tirar o bilhete lá), reparei que estava um tipo com uma fractura na testa sentado numa cadeira a verter quantidades preocupantes ( principalmente para as senhoras da limpeza) de sangue...

Orgulhei-me pois por momentos pensei: "ena! sou a primeira tuga a observar esta situação". Pela primeira vez consegui ser a primeira de um ajuntamento que demorou (após a minha descoberta) 1 minuto a formar-se com cerca de 10 pessoas.

Adiante, a profissional do INEM estava a fazer-lhe perguntas, e quando o homem começou a emitir sons, supus que o tipo devia de ter uma taxa de alcoolemia superior a 1,2 g/l  (afinal o livrinho do código da estrada não serve só para fazer de calço da minha secretária).

Passamos então ao diálogo incrédulo entre a senhora do INEM e o senhor embriagado com uma fractura craniana prestes a desmaiar:

- Então diga-me lá como é que isso aconteceu?
- eeeeeeee...estava ....pum...
- Não percebi, fale mais devagar
- sintoooo-me mal
- Não foi isso que lhe perguntei!
- bgfhbfbf
- então se não responde a esta pergunta, diga-me lá onde é que você mora?
- eu....mal..
- Mau digo eu!
- aiiiiiiiiii...
- onde é que você mora?
- euuuuuuu....hospital.......
- Aiiii a minha vida!....
-bhbhabh
-de-me então o seu número de telefone..
- nãooo sei.....

Entretanto falavam as pessoas do ajuntamento começando por mim..

- Se calhar, eu não sei, não estudei para isto, mas se calhar punha o homem na maca e levava-o para a ambulância
- é impressão minha ou o homem está quase a desmaiar?
- Se calhar querem testar a resistência....
- Desculpe, quanto tempo falta para o metro passar?
- Acho que passa de 5 em 5 minutos..
- Mas porque raio é que ela não para de lhe fazer perguntas? não vê que o homem está prestes a sucumbir?
-De 5 em 5?
-Sim
- Ela é do INEM deve saber o que está a fazer..

(nesta parte pensei - se for formada pela independente não. Embora a piada esteja gasta consegue fazer-me sempre rir..raio da piada.)

- O homem está a perder muito sangue
- Pois está....já reparou no chão?
- Mas alguém me explica porque é que ela não leva o homem para o hospital?
- Se calhar só o leva quando desmaiar.

...

Embora estivesse a gostar do diálogo entre as pessoas acabei por me ir embora, tinha horários a cumprir, mas gostava de ter ficado... só para ver se a senhora conseguiu fazer com que o homem forma-se a tão desejada oração coordenada explicativa...

15 comentários:

Pinheiro Asiático disse...

É de meter dó este tipo de situações. A "senhora" do INEM em vez de ser rápida a colocar o homem na maca, anda ali a perder tempo com perguntas desnecessárias para aquele momento. É realmente de lamentar este tipo de situações, e mais ainda quando este não se trata do primeiro caso. Já li algumas vezes na internet casos de pessoas que até chegam a morrer porque os "senhores" da ambulância demoram demasiado tempo. São sempre situações muito complicadas...

(Queria deixar aqui o meu desagrado com o Windows e a Microsoft pois nem para o seu próprio sistema operativo sabem fazer os programas. Digo isto porque estava a escrever um comentário neste tópico e o windows foi a baixo por ter ligado o windows messenger. Acho que é de lamentar... (e irritar também!))

Ricardo Moreira de Carvalho disse...

Não querendo estragar a piada, este procedimento poder ser normal e até recomendável em determinados casos.. (que se suspeita que podem entrar em Coma, penso eu) Se era o INEM, são médicos treinados neste tipo de situações.

O problema é que às vezes não é o INEM..

Ricardo Moreira de Carvalho disse...

Quanto ao Windows... Bom.. Não há grande coisa a dizer!

Naty disse...

Tambem concordo às vezes não é o INEM, mas o He-man que se disfarça com o símbolo do INEM e que gosta de furtar veículos parecidos a ambulâncias, com um amarelo vivo e INEM escrito a letras garrafais azuis.

Maldito sejas!!!

Bjs ;)

Anónimo disse...

As vítimas não são tratadas como sacos de batatas, atiradas para dentro da ambulância, encaminhar para o Hospital e já está.

O INEM não retira a vítima do local enquanto esta não estiver estabilizada. Para isso é preciso fazer perguntas: estava este senhor etilizado e caiu, ou sofre do coração, está a começar um enfarte e caiu? É para isso que se fazem perguntas, para despistar problemas mais graves que à partida podem não ser apenas uma queda. Isso é que é trabalhar bem, explorando todas as hipóteses.

De qualquer forma pode sempre pedir um estágio de observação ao INEM e assim conhecer a forma de trabalhar dessa instituição.

Anónimo disse...

Exma. Senhora "Naty",

na falta de um endereço de e-mail para onde fosse possível enviar informação, tomámos a liberdade de deixar um comment.

Segundo o que explica no texto da sua autoria, é para nós evidente que se verificava uma dificuldade notória do doente em colaborar no socorro. A actuação do INEM depende fortemente da colaboração dos doentes (e familiares ou transeuntes), respondendo às questões que são colocadas, para que sejam detectados os casos de gravidade.

A apresentação dos sinais e sintomas da vítima é absolutamente fundamental para saber se são necessários outros meios do INEM no local, se o Hospital de destino deve ser alertado da chegada do doente, se se trata de uma situação de risco de vida imediato se está em causa uma função vital da vítima, entre outros aspectos.

Conta V. Exa. que se deu "um diálogo incrédulo entre a senhora do INEM" e o doente. Como certamente compreenderá, essas questões são de extrema importância e não devem ser descuradas apenas porque uma vítima aparenta encontrar-se etilizada.

Também, chegados ao local, os tripulantes das ambulâncias INEM dão início a uma avaliação da vítima ainda no local, sempre que não existam contra-indicações. As vantagens desta avaliação são óbvias: iniciar ainda no local o tratamento da vítima.

Temos todo o gosto em convidar V. Exa. a vir passar um ou mais turnos com as equipas do INEM em datas que lhe forem oportunas.
Pensamos que será uma excelente oportunidade para ver pessoalmente a forma de trabalhar do INEM e dos seus profissionais. Seria para este Instituto uma grande satisfação que aceitasse este convite. Para tal, basta que envie um e-mail para gabinformacao@inem.pt

Melhores cumprimentos.

Naty disse...

Lamento só agora responder, mas de facto só hoje é que constatei que tive a honra de receber no meu humilde blog, um convite muito amável por parte de uma instituição médica que eu respeito, mas que obviamente tem as suas falhas. Desde já, agradeço a forma como fui tratada. Naquela situação em que eu estive presente, não me pareceu ser a forma mais correcta de tratar o paciente, nem de proceder, por isso é que eu com a maior da inocência peguei na situação para relatar da forma mais descontraída possível, sem querer ofender nem ferir sensibilidades de nenhuma das partes. Obrigada pelo convite.

***

"As vítimas não são tratadas como sacos de batatas, atiradas para dentro da ambulância, encaminhar para o Hospital e já está. "

Pois não. Eu não costumo confundir um ligeiro de mercadorias com um transporte especial.

http://www.bombeirosdistritoguarda.com/forum/viewtopic.php?t=996&start=0

Com os meus melhores cumprimentos.

Naty disse...

Já agora, e não quero ser mal interpretada mas, não pude deixar de reparar que o comentário foi publicado às 14:52 horas..como é que funcionam as rondas no Inem?

Anónimo disse...

Exma. Senhora "Naty",

não compreendemos o que quer dizer com "rondas". Podemos informar que o INEM tem um Gabinete de Comunicação e Imagem e que foi este mesmo a enviar-lhe a informação sobre a actuação desta instituição, como também o convite para um estágio de observação.

Gostaríamos de deixar o nosso endereço de e-mail, gabinformacao@inem.pt , para que desta forma possa esclarecer as dúvidas que entenda como pertinentes e, quem sabe, poder esclarecer a questão que nos coloca mas que não conseguimos compreender.

Melhores cumprimentos.

Naty disse...

Lamento não terem compreendido.

Mais uma vez obrigada pelo
endereço,penso que será muito útil a todas as pessoas que tenham dúvidas acerca do funcionamento do INEM ou que queiram um estágio de observação.E fico contento por através deste post poder ajudar.

O meu obrigada por visitarem este nosso humilde blog, que estará sempre ao vosso Dispor.

Com os meus melhores cumprimentos, para o Gabinete de Comunicação e Imagem.

Continuem com o Bom trabalho!

Naty disse...

Desculpem , não é contento mas sim contente. Só para evitar falhas na comunicação. Peço desculpa.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

surreal esta conversa "inem vs naty"... acredito que o INEM tenha de cumprir certos procedimentos e tal.. afinal é exactamente disso que o nosso pais está cheio: muitos métodos e pouca acção.. será que se a vitima desmaiasse iriam tentar ligar a familia antes de a levar para o hospital? quer dizer, não me parece que estar a esvaziar-se em sangue seja algo muito grave, aposto que acontece a todos!!! mas isto é tudo NORMAL no nosso país. o mais curioso Naty, na minha opinião é que os senhores do INEM se tenham revoltado e comentado o teu blog.. onde há fumo há fogo.. mas deve ser como as vezes que os vejo (não só eles, mais os senhores agentes da policia de segurança publica, que de volta da 1h30 da manha chegam a ter lá 3 carros - bolas, mas também neste país ninguém é assaltado a esta hora, OBVIAMENTE ) numa bomba de gasolina "bem perto de si" a beber cafe e a conversa... Tou orgulhosa do destino dado ao dinheiro dos meus impostos..

Fi

Anónimo disse...

É certo que já passou muito tempo desde a altura em que estou a ler estas mensagens mas realizei o estágio de observação no INEM no dia 29/07/08 e garanto-vos que não é nada disso que se diz por ai a "senhora" do INEM para quem não sabe são TAE-tripulantes de ambulâncias de emergências estão preparadas para as situações que se deparam, era necessário estabilizar o doente e de seguida transporta-lo para o hospital.

Joana Maia disse...

É impressionante o modo como falam mal do INEM sem saberem sequer os procedimentos mais básicos.

A conversa com o doente em questão é FUNDAMENTAL, não só para compreender o que motivou a queda que levou ao traumatismo craneano (se eu dissesse TCE vocês não entendiam e de certeza que me criticavam também), mas também para avaliar o estado neurológico do doente.

Imaginem perguntar o nome ao senhor e ele responder "Amélia", perguntar a data e ele dizer "1950", perguntar o local e ele responder "angola". Percebem as diferenças?

Ser profissional de saúde é ir mais longe do que o mais básico. Porque pelos vistos para a "Naty" o diagnóstico estava feito: "homem alcoolizado com ferida na testa". Mas esquecem-se que pode ter tido um AVC, pode ter tido muitas outras patologias que nem vou perder o meu tempo a referir, e que POR ACASO estava etilizado.

Se a função do INEM fosse buscar a vítima e deixá-la num hospital, até um TAXISTA podia fazer esse trabalho. As ambulâncias estão equipadas com a maioria dos produtos hospitalares necessários para responder a inúmeras situações.

O INEM vai ao local, e só após estabilizar a vítima é que pode ir CALMAMENTE para o hospital. A única situação em que o INEM após levantar a vítima pode ir a "assapar" é quando é necessária uma intervenção cirúrgica urgente.

Se alguém por parte do INEM se disponibilizou a responder a este ULTRAJE, foi para limpar o bom nome destas pessoas que tudo fazem para vos salvar.

Se o INEM demora 2h a chegar a um local, não foi porque pararam numa tasca para beber o copito e fumar um cigarrinho.

Se se querem queixar a alguém, queixem-se ao vosso Governo por não haver VMER, INEM mais próximo de certas populações.


Culpem tudo e todos, menos estas pessoas que se esfolam para salvar outras. Vocês não sabem os perigos de andar em alta velocidade? Estas pessoas sabem, mas arriscam-se para ajudar os outros.



É tão fácil para o português atirar culpas para os outros. Metam-se na pele destas pessoas, que lidam diariamente com as situações mais desconfortáveis que existe. Pensem o que é escolher uma profissão onde a qualquer hora podem ter que ir socorrer uma criança, pensem em tudo o que eles vêem na vida.

E antes de criticarem um PROFISSIONAL, pensem que ele é uma PESSOA. E que faz o seu trabalho. Que é isso mesmo, um TRABALHO.


Uma coisa eu sei, graças a Deus que não temos "Naty's" no INEM.

Anónimo disse...

Gosto muito de ver pessoas que cuja a única coisa que fazem é dificultar a actuação das equipas de emergência ao "organizarem" ajuntamentos e dar palpites. Provavelmente em vez de criticarem médicos e enfermeiros faziam melhor se simplesmente fossem embora. Pois a VMER do INEM tem um médico cuja formação tem no mínimo a duração de 12 anos (depende da especialidade) mais um enfermeiro. Assim convido a esses senhores que pensam ter um curso de medicina/enfermagem por terem visto uma temporada do House a abandonarem o local ou ao menos limitarem-se a ficarem calados. Deixem trabalhar os profissionais que passam natais e feriados longe da família para que outros vivam.